logotipo de OALA

OALA_asamblea2.gif (1454 bytes)

Ponencias:

A Paróquia com carisma agostiniano

A PARÓQUIA COMO COMUNIDADE DE COMUNIDADES

COMUNICACIÓN Y EVANGELIZACIÓN...  algunas prácticas

CAFAYATE: UNA EXPERIENCIA DE PARROQUIA MISIONERA

ENCUENTRO CONTINENTAL DE PASTORAL PARROQUIAL URBANA Y MISIONERA

A PARÓQUIA COMO COMUNIDADE DE COMUNIDADES

UMA EXPERIÊNCIA DE VIDA EM COMUNHÃO NA PARÓQUIA


I) INTRODUÇÃO

  

 Quando o Pe. Rafael me pediu para falar sobre este tema tive a tentação de dizer não. Não me sentia capacitado para falar; pensei que tinha outras pessoas bem mais preparadas do que eu, com mais anos de experiência de vida paroquial  e mais conhecimentos. Porém depois pensei: "minha missão não é falar do que eu conheço pelo estudo, mas de minha experiência de sete anos em uma paróquia". Este pensamento me tranqüilizou e aceitei.

Estou aqui, portanto, não para falar teorias, mas para contar uma experiência que tive a sorte de viver e da qual me sinto convicto: como é bom realizar a missão paroquial em unidade, trabalhando em equipe.

Não falo em nome próprio, mas em nome de várias pessoas que fizeram possível esta experiência. O primeiro pároco agostiniano na paróquia N. Sra do Pilar  em Ponta Grossa foi o Pe. Jaime, depois veio  Pe. Madrigal. Depois dele passaram mais seis pessoas (Roberto, Isidro, José Luis, Rafael, Manolo e Inocêncio). Todos eles assumiram este modo de trabalhar na essência, havendo, porém, algumas modificações no secundário.

Não pretendo apresenta-la como uma experiência perfeita e acabada. Sou consciente de que tem muito a melhorar. Porém acredito que é uma experiência válida, que pode servir como ponto de partida para nossa reflexão conjunta. Espero que na reunião de grupos que acontecerá a seguir possamos enriquece-la com nossas contribuições, pois estou convicto de que em outras muitas paróquias dos padres aqui presentes se vive uma experiência semelhante.

II) UMA BREVE HISTORIA

         

 Até chegar no Brasil eu nunca tinha trabalhado na paróquia, meu trabalho sempre foi em Colégios na Espanha. Não obstante, conheci como se trabalhava na paróquia porque  havia uma junto ao Colégio no qual eu realizava minha atividade em Sevilha, no sul da Espanha. Lá, normalmente, o trabalho na paróquia era realizado pelo pároco, sendo que os outros padres o ajudávamos celebrando alguma Missa, confessando ou auxiliando na parte musical. Não existia um trabalho conjunto. Os padres do Colégio colaborávamos com a paróquia, porém não havia um planejamento em conjunto nem um verdadeiro trabalho em equipe. A conseqüência disso era que não sentíamos a paróquia como nossa. Nossa colaboração era só pontual, faltando-nos  uma visão de conjunto dos objetivos do plano paroquial. Este desconhecimento nos dificultava assumir o trabalho com entusiasmo e dedicação.

     

Ao chegar no Brasil comecei a  me entrosar na vida paroquial. Fui destinado a Ponta Grossa, numa paróquia da periferia, com outros três padres. A paróquia era muito grande, seis comunidades no total, algumas delas com uma extensão equivalente a uma paróquia.

      Entrei no esquema que o pároco, Pe. Madrigal, tinha organizado. Cada padre ficava responsável por duas comunidades durante um mês, sendo que no mês seguinte seriam outras duas diferentes, seguindo um sistema de rodízio. O trabalho era organizado de maneira conjunta, repartindo responsabilidades e trabalho. É lógico que o pároco tinha

       a responsabilidade maior, mas cada padre tinha sua parcela da qual se sentia responsável: Catequese, Liturgia, Pastoral do Batismo e outras muitas Pastorais e Movimentos.

     

Gostei deste modo de trabalhar tão diferente daquele que tinha conhecido na Espanha e entrei nele com vontade e convicção. Depois percebi que não era só na Espanha onde

havia dificuldade para trabalhar equipe,  também aqui no Brasil acontece e imagino que   em outros países de América Latina. Por isso me senti e me sinto agradecido por haver tido a sorte de  viver esta experiência especial.

 

      III) TUDO COMEÇA NA COMUNIDADE  AGOSTINIANA

             É evidente que esta experiência de vida em comunhão não seria possível se não houvesse uma comunidade agostiniana que aceita este modo de trabalhar e se compromete a realiza-lo. Por isso o primeiro passo para que o trabalho em equipe dê certo é a comunidade religiosa estar de acordo com este modo de trabalhar.

           

A)    OS PRINCÍPIOS:

Nas pessoas que vivemos esta experiência havia uns princípios básicos que serviram de base. Nem sempre esses princípios foram explicitados, mas sempre estiveram presentes de maneira implícita e operativa.

a)      Uma convicção: A convicção de que trabalhar em equipe é melhor do que trabalhar de maneira individual. Isto se encaixa com o espírito agostiniano. Em muitos documentos agostinianos aparece esta proposta de trabalhar em equipe como a maneira concreta de encarnar nosso carisma. As Constituições no número 40 dizem: " O apostolado agostiniano é uma atividade externa que nasce de uma vida interior profunda: é pessoal e ao mesmo tempo comunitário. O apostolado individual recebe força da comunidade e nela se apóia: todos somos apóstolos porque todos oramos, trabalhamos e nos ajudamos uns aos outros".

 

b)      Um desejo: Construir uma Igreja que é mistério de comunhão, participação e missão. O desejo de fazer realidade essa teoria bonita que se expressa em nossos documentos. O desejo de sermos eficazes em nosso trabalho e dar um testemunho de unidade ao povo a nós encomendado.

c)      Um compromisso: O compromisso de levar em frente este projeto em comum, assumindo cada um sua parte  e vivendo-a em unidade com os outros.

B)    UMA METODOLOGIA:

Para encarnar esses princípios precisamos de uma metodologia adequada que permita vive-los. Uma metodologia que seja expressão da comunhão que queremos viver  e que  favoreça o trabalho em equipe, uma metodologia que nos ajude a sentir-nos todos co-responsáveis na missão.

No início do ano, ao fazermos o projeto comunitário, estabelecemos esta metodologia que foi aceita pelos três membros da comunidade e que nos parece se encaixa muito bem com o espírito agostiniano que queremos viver.

a)      Missas em rodízio: Com o intuito de que todos os padres passássemos por todas as comunidades para sermos conhecidos, visando que ninguém se

 sentisse "proprietário" de  uma comunidade em concreto e querendo testemunhar nossa unidade diante dos nossos fieis, decidimos  fazer um rodízio na celebração das Missas. Este ano o rodízio foi semanal enquanto que em anos anteriores era mensal. A cada semana nos repartimos as Missas de forma que ao longo do mês todos os padres percorremos todas as comunidades.

Os resultados deste rodízio tem sido muito positivos tanto para os padres como para o povo. Para nós facilita o conhecimento de todas as pessoas da paróquia, ajudando-nos a ter uma visão mais global e, portanto, mais realista da

paróquia; para o povo é uma riqueza, tirando proveito das qualidades de cada um dos padres que por lá passamos, tornando as celebrações menos rotineiras.

b)      Repartição da coordenação dos Movimentos e Pastorais: Visando a co-responsabilidade no andamento da paróquia e buscando ser mais eficazes em nossa missão, no início do ano repartimos a responsabilidade de cada Pastoral  e Movimento de acordo com as preferências e capacidades de cada padre.

Quem se sentiu identificado com os jovens escolheu esse campo, quem preferiu a Catequese ficou responsável por ela, quem gostou da Pastoral da Criança assumiu essa pastoral, e assim  com todas as outras, no total 21.

Nos parece que desta maneira se aproveitam melhor as capacidades de cada membro da comunidade e todos nos sentimos co-responsáveis na missão, favorecendo o interesse de cada membro no projeto comum.

c)      Partilha de experiências: Nos parece algo essencial neste modo de trabalhar. Marcamos as segundas feiras para partilhar as experiências que cada um viveu, informando aos outros das atividades realizadas e  comunicando os resultados obtidos. È um momento importante, que serve para trocar experiências, sempre enriquecedoras,  e  colocar-nos à par do andamento de toda a paróquia em geral. Podemos assim dizer que cada um conhece o que acontece  de importante em cada comunidade e a situação de cada pastoral e Movimento.

Este encontro é também o momento propício para programarmos a semana em curso, repartindo as Missas e os outros compromissos paroquiais.

                   IV) UMA ESTRUTURA PAROQUIAL QUE FAVOREÇA A COMUNHÃO

     Viver a comunhão numa paróquia não depende só da comunidade religiosa, a paróquia deve estar também organizada em função da comunhão, disponibilizando todos os organismos paroquiais à serviço  deste nobre objetivo. Todas as forças vivas da paróquia, pessoas e organizações, devem assumir as idéias base da vida em comunhão: unidade, co-responsabilidade, trabalho em equipe...., e as atividades da paróquia devem ser programadas em função desta comunhão.

Na "Novo Millennio Ineunte", número 43, o Papa nos diz: " Antes de programar iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade de comunhão, elevando-a ao nível de principio educativo  em todos os lugares onde se plasmam o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os

consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades".

    

    O Código de Direito Canônico, no cânon 529,2,  pede aos párocos que promovam e incentivem esta vida de comunhão entre os fiéis leigos: "O pároco reconheça e promova a parte própria que os fiéis leigos têm na missão da Igreja,incentivando suas associações que propõem finalidades religiosas.

Coopere com o próprio Bispo e com o presbitério da diocese, trabalhando para que também os fiéis sejam solícitos em prol do espírito de comunhão na paróquia, sintam-se membros da diocese e da Igreja universal e participem ou colaborem nas obras destinadas a promover esta comunhão

    Como se concretiza isto na vida paroquial?

    

Existem organismos que favorecem a comunhão e que a Igreja hoje propõe como os instrumentos necessários na organização paroquial. São os Conselhos de Pastoral, organismos representativos de toda a paróquia. Neles estão presentes todos os coordenadores de Pastorais, Movimentos e Associações.

     Passou o tempo em que as paróquias funcionavam sob a direção de uma Diretoria ou um grupo reduzido  de pessoas que junto com o pároco organizavam a paróquia. Era um estilo mais autoritário e pouco participativo. Com certeza teve seu valor no tempo em  que foi instaurado mas hoje está ultrapassado.

    Vejamos o Organograma de uma paróquia organizada em base a uma   estrutura de comunhão:

A) ASSEMBLÉIA PAROQUIAL:

       É a reunião de todas as comunidades, pastorais, movimentos, associações e organismos eclesiais da paróquia para que juntos e em harmonia com o pároco e os vigários paroquiais, num clima de co-responsabilidade, reflitam, troquem idéias e determinem os melhores médios para seu contínuo crescimento.

             Nesta Assembléia é discutido e aprovado o Plano de Pastoral Paroquial, no qual estão contidos os objetivos e atividades a serem realizados durante o ano. Este Plano deve estar em íntima sintonia  com o Plano Pastoral Diocesano que previamente foi realizado por todas as paróquias da diocese em comunhão com o Bispo Diocesano.

Para isso levamos preparado um rascunho do Plano confeccionado pelo CPP depois de escutar as sugestões dos CPCs das diversas comunidades.

            Nesta Assembléia se experimenta a realidade do povo de Deus, o qual tem o direito e o dever de analisar, refletir e tomar decisões para o benefício de toda a paróquia. É um momento precioso para impulsionar a vida da paróquia, pois aperfeiçoa o processo de unidade e participação.

B)    OS CONSELHOS DE PASTORAL

Qual o sentido dos Conselhos de Pastoral?

     

Somos uma Igreja-Comunhão, uma família reunida no amor de Jesus, pela ação do Espírito Santo. Na família, as alegrias e tristezas, os sucessos e os fracassos devem ser compartilhados. Nos Conselhos de Pastoral está representada toda a família paroquial e, assim, todos têm voz e vez no crescimento da paróquia. Por tanto os Conselhos de Pastoral são instrumentos de comunhão à serviço  da vida paroquial.

             O Papa na Novo Millennio Ineunte número 45 diz: " Devem-se valorizar cada vez mais os organismos de participação previstos no direito canônico, tais como os conselhos presbiterais e pastorais"

 Nos Conselhos se faz a experiência de uma vida em comunidade onde todos colocam seus dons à serviço do bem comum. Ao mesmo tempo se marcam uns objetivos comuns e se partilham as decisões. Isso faz com que todos se sintam co-responsáveis no andamento da paróquia. Os sucessos e os fracassos são compartilhados por todos, não ficam sob a responsabilidade de uma só pessoa. Deste modo as necessidades da comunidade são atendidas, dado que todos estão representados.

A palavra Pastoral faz referência a Jesus, o Bom Pastor que conhece, ama e dá a vida pelas ovelhas. Assim também os Conselhos de Pastoral continuam a fazer o que Jesus fez: conhecer, amar e dar a vida pela paróquia.

Existem duas classes de Conselhos de Pastoral: um paroquial e outro de comunidade. Estes órgãos de participação são consultivos. O órgão máximo de

decisão da vida pastoral da paróquia é a Assembléia paroquial, em sintonia com as normas da Diocese e da Igreja.

 a)   O Conselho de Pastoral Paroquial (CPP)

Está formado pelo pároco e vigários, diáconos permanentes, representante da vida consagrada, representantes de todos os CPCs (Conselho Pastoral da Comunidade) da paróquia e representantes de Pastorais, Movimentos, Associações Católicas e Organismos Eclesiais

.

Sua missão é levar a comunidade paroquial a assumir a fé de forma concreta, a partir das decisões tomadas na Assembléia Paroquial. É um órgão de oração, reflexão e planejamento.

Uma das tarefas mais importantes que realiza é montar um ante-projeto do Plano de Pastoral Paroquial com as sugestões vindas dos CPCs, em sintonia com o Plano Pastoral Diocesano.  É missão também do CPP organizar com muito carinho a Assembléia Paroquial.

b)  O Conselho de Pastoral de comunidade (CPC)

      Na paróquia onde existem várias comunidades,  deve se organizar também o CPC. Enquanto o CPP visa gerar comunhão entre todas as comunidades da paróquia, o CPC é um instrumento que gera comunhão em uma comunidade específica, mantendo unida  esta comunidade à paróquia.

       É um órgão de oração, reflexão, planejamento e execução. No início do ano deve fazer um Plano de Atividades Pastorais, no qual se recolhem as atividades mais importantes da comunidade e de cada Movimento e Pastoral, em sintonia com o Plano de Pastoral Paroquial.

   Fazem parte do CPC o pároco e os vigários paroquiais, os coordenadores de cada Pastoral, Movimentos Eclesiais, Associações Católicas e Organismos Eclesiais, o coordenador da Pastoral Econômica (CAE), um representante da vida consagrada e os diáconos permanentes.

C)    COORDENAÇÃO PAROQUIAL DE MOVIMENTOS E PASTORAIS

Para conseguirmos que as Pastorais  e Movimentos de cada comunidade  funcionem  em sintonia temos organizadas coordenações paroquiais com participação dos coordenadores de cada comunidade.

      O objetivo é planejar juntos e unificar critérios de funcionamento. Desta maneira conseguimos uma caminhada conjunta na Catequese, Batismo, Pastoral Vocacional, Pastoral da Criança, Pastoral da Juventude...

 

     O coordenador de cada grupo é o Padre responsável  de cada Pastoral ou Movimento. Este sistema nos permite unificar o funcionamento  dos grupos e nos poupa muito trabalho, sem deixar de dar atenção às necessidades de  cada comunidade.

V) O ALIMENTO DESTA VIDA DE COMUNHÃO

     

    O Papa João Paulo II  na "Novo Millennio Ineunte", numero 43,  diz: "Sem essa caminhada espiritual  de pouco servirão os instrumentos exteriores de comunhão. Revelar-se-iam mais como estruturas sem alma, máscaras de comunhão, do que como vias para a sua expressão e crescimento" . Qual a espiritualidade que está na base deste modo de funcionar? A espiritualidade de comunhão, da qual tanto fala o Papa nesta carta apostólica. Sem esta espiritualidade nossos Conselhos, Assembléias,  e demais órgãos participativos podem se tornar estruturas sem alma, máscaras de comunhão.

    

 Neste ano que passou, em nossa paróquia, fizemos o possível para formar nossos lideres nesta espiritualidade de comunhão através de vários médios:

a)      Retiros espirituais: São momentos fortes de oração, reflexão, convivência e partilha de experiências. Reunimos os lideres de todas as comunidades da paróquia durante um dia ou no período da tarde e através de palestras, vídeos e

                        trabalhos em grupo, passamos para eles o conteúdo que serve como alimento       para sua caminhada espiritual e de sua Pastoral ou Movimento.

           

São momentos propícios também, para lembrar nossos compromissos assumidos no início do ano e  corrigir aqueles aspectos que estejam fugindo de nossa orientação inicial.

                       

Nós fazemos vários durante o ano, mantendo sempre acesa a chama do amor a Deus e o entusiasmo para servi-lo nos irmãos da comunidade.

b)      Momentos de reflexão: Ao começar a reunião mensal do CPC fizemos durante o ano todo os 15 minutos de reflexão. O tema sobre o qual refletimos foi a Espiritualidade de Comunhão. Ao longo do ano fomos delineando as bases desta espiritualidade seguindo o texto da "Novo Milênio Ineunte". Temas como a santidade comunitária, os instrumentos de comunhão, espaço para todos e os pobres, nos ajudaram a compreender o espírito sob o qual queríamos inspirar-nos para trabalhar unidos.

Na avaliação que fizemos no fim do ano, esta reflexão foi considerada com um dos pontos mais importantes na caminhada do ano.

c)      Encontros de formação: Para melhor entender como funcionam os Conselhos de Pastoral na dimensão participativa, fomentando a co-responsabilidade, foi realizado um encontro diocesano. Como fruto desse encontro houve uma  participação mais consciente e responsável nas reuniões mensais, com um maior entendimento da função do CPC e do lugar que cada um ocupa nele. Perceberam que sua representatividade nessas reuniões mensais não era em nome próprio mas em nome de sua Pastoral ou Movimento. Outro fruto foi trabalhar mais em função dos objetivos da paróquia  e não só dos próprios do seu grupo.

VI) ALGUMAS REFLEXÕES FINAIS

       Toda experiência é parcial, limitada e incompleta. Esta que acabo de apresentar não foge à regra. Existem muitas coisas boas nela mas existem também

muitos aspectos que podem ser melhorados e  enriquecidos. O fato de estarmos realizando esta experiência durante sete anos é um aspecto positivo a ser ressaltado. Passaram vários padres e a experiência continua. Se tornou o modo de trabalhar dos agostinianos em Ponta Grossa. Mas sabemos que pode ser aperfeiçoada, por isso concluo relatando os desafios que temos pela frente e as coisas que ainda podem ser melhoradas.

       Desafios:

a)      Ficar atentos para que os instrumentos de comunhão o sejam de verdade e não sejam só máscaras de comunhão, como dizia o Papa: Viver a  comunhão exige uma mudança de mentalidade tanto dos padres como dos agentes de pastoral. Pode acontecer que sob uma aparência de comunhão e participação permaneçam nossos antigos modelos de funcionamento autorita-

 rio e individualista. Libertar-nos desses esquemas mentais não acontece de um dia para outro. O povo está acostumado a obedecer e ser submisso, o padre está acostumado a mandar e dirigir, precisamos ambos fazer uma verdadeira conversão de coração para viver este novo estilo de ser Igreja em comunhão. O papa na Novo Millennio Ineunte nos dá o segredo: " fazer da Igreja uma casa e escola de comunhão.....realizar uma caminhada espiritual baseada na comunhão"

b)      Uma vida espiritual mais profunda: Na ultima carta apostólica do Papa que estamos comentando  ele fala da santidade como "horizonte para o que deve tender todo caminho espiritual" e alerta sobre o "perigo de contentar-se com uma vida medíocre  e superficial". Este é também o desafio para nós, pastores de povo de Deus, e para nosso povo. A vida de comunhão só se sustenta se existe esta vida espiritual profunda, do contrario o egoísmo, os ciúmes, o desejo de poder, a inveja... podem truncar nosso propósito. Quem não tem raízes sólidas, quando chega a primeira tormenta desaba. A experiência vivida por alguns líderes que   desistem,  cansam e até  mudam de igreja, está nos alertando para promovermos uma vida espiritual mais profunda.

c)      Chegar até os mais afastados: Nossa Igreja tem que ter espaço para todos como diz o Papa. Não podemos reduzir-nos às pessoas que estão mais perto de nós e que freqüentam com assiduidade a Igreja. Se queremos ter a alma de

    Jesus, devemos ir até as ovelhas mais afastadas, imitando o comportamento do Bom Pastor que foi procurar a ovelha perdida.

        Já vi escrito por algum lado que nas paróquias dedicamos  80 % de energia para as pessoas que participam da Igreja, que são um 20%, deixando só um 20% de nossa energia para o 80% que está mais afastado. Estes dados são muito falantes e nos questionam sobre nosso estilo de fazer apostolado.

      Hoje existe na Igreja do Brasil um projeto que visa chegar até essas pessoas mais afastadas, é o Projeto "Ser Igreja no Novo Milênio". Assumirmos este projeto em nossas paróquias é contribuirmos para que esta realidade dos afastados dê uma reviravolta e se torne uma atividade prioritária em nossa programação pastoral.

     Dentre os afastados devemos dar prioridade aos mais pobres, eles que além de sua pobreza espiritual sofrem também da pobreza material.

d)      Ter uma visão mais universal, menos "partidária": Uma das características mais importantes de nossa Igreja é a universalidade. Tudo o que fizermos na paróquia deve ter esta dimensão universal. O planejamento paroquial  deve estar em comunhão com as diretrizes e orientações do Papa, da Conferência Episcopal e do bispo diocesano. Ao mesmo tempo o planejamento de cada Pastoral e Movimento tem que se encaixar no planejamento paroquial, colocando seu carisma a serviço do bem comum da paróquia para a construção da Igreja. Agir assim nos leva a superar uma visão particularista e reducionista própria de um grupo.

e)      Maior entrosamento dos leigos com espírito agostiniano: É evidente a importância dos leigos na Igreja de hoje. Se queremos que nosso projeto se concretize não podemos prescindir deles. Eles são nossas mãos e nossos pés

para espalharmos o espírito agostiniano. O desafio é promover   Fraternidades Agostinianas e fazer com que aumentem,  abrindo  caminho para a proveitosa experiência de uma Igreja-comunhão e para a configuração da face da Família Agostiniana do futuro.

            Uma das tarefas mais bonitas dos leigos agostinianos  é  participar das equipes vocacionais, colaborando de uma maneira ativa na busca e acompanhamento de jovens com inquietude vocacional.

JESUS MADRID, OSA